quinta-feira, 17 de maio de 2012

NÃO UM TRIÂNGULO AMOROSO, TALVEZ UMA TRILOGIA AMOROSA – parte I

NÃO UM TRIÂNGULO AMOROSO, TALVEZ UMA TRILOGIA AMOROSA – parte I
    Triângulos amorosos, envolvem três pessoas e implica que duas dessas pessoas estejam envolvidas romanticamente a uma mesma pessoa, ou ainda, que cada uma sinta alguma coisa pelos outros dois.
    Já me envolvi em relacionamentos onde amigos gostaram da mesma pessoa que, ou ainda, que ficaram com os alvos amorosos antes ou depois de mim. Nada de extraordinário. nada como a Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade, ou a Flor da idade de Chico Buarque. Numa turma em especial, era mais como um jogo de ligação de pessoas onde tínhamos coringas que ficaram com quase todos. (Não, eu não era um desses coringas.)
    Vou chama de trilogia não porque dividirei em três partes. Chamarei de trilogia por envolver três histórias. Não histórias sequenciais, histórias simultâneas. Histórias de três relacionamentos sem compromisso nenhum, mas com carinho, amor, ódio, doçura, canalhice e cafagestagem.
    A parte dos três relacionamentos são dedicados aos meus apenas três relacionamentos. Pelo que eu sei, envolve muito mais gente e elas um dia quem sabe contarão.
    Eu era um garoto com apenas 20 anos, calouro na faculdade. Digamos que com eles aprendi muita coisa, posso resumir em 3: vontade, tempo e desejo.
Larissa, Keli e Diane.
    Vou começar por Keli, ela era minha confidente na adolescência. Gostávamos de conversar sobre nossos relacionamentos. Eu estava com Vivian na época e ela com Ramirez. Lembro da primeira imagem dela. Uma garota oriental com uma mecha de cabelo dourado em seus longos cabelos negros. Magra, muito magra e com aparelhos de borrachas verde. Olhos cor de mel, com roupas largas, não era difícil confundi-la com um rapaz. Essa imagem é seguida por um X-salada e coca-cola, e obviamente com maionese escorrendo pelo sanduíche.
    Não era uma imagem romântica. Lembre-se que eu estava apaixonado por Vivian. Keli gostava de coisas de garotos: filmes de garotos, bandas de garotos, desenhos de garotos e principalmente gostava de garotos.
    Ela tinha seus gostos de garota e gostos por garotas. Mas não é disso que se trata a história.
    Passávamos noites conversando, minha companhia de ICQ e começo do MSN.
    Tinha desenhos de vários tipos de traços. Isso é uma qualidade artística que sempre chamou minha atenção.
    Ela não acreditava em signos zodiacais, ela era perita em sinais. Sabia usar a palavra certa na hora certa. Sabia não falar num momento decisivo.  Seus gestos, cada movimento era sexy. Criava cores em seus cabelos, cortes que ela mesma fazia. Transformava panos em vestimentas e sabia escolher os poucos acessórios que usava.
    Os perfumes, adorava masculinos. Nunca os masculinos demais. Era marcante e sedutora. Tinha um olhar safado inesquecível.
    Nos aproximamos mais por brincadeira. Éramos amigos já fazia algum tempo. Tínhamos alguns gostos semelhantes e resolvemos ir ao cinema. Acabamos ficando. Uma, duas, três vezes. Nosso relacionamento não tinha cobranças. Um passatempo muito divertido.
    Eu ainda inocente. Um garoto perto de uma mulher, como diria Leoni.
    Lembra da história da marca no rosto? Então, aquela não era a única história sobre tapas na minha vida. Com Keli lembro de duas, fora essas, creio que mais umas duas.
    O primeiro tapa que levei de Keli foi aos 18 anos, estávamos saindo de uma discoteca GLS, nos atracando pelas ruas da cidade. Entre beijos ferozes e puxões de cabelos excitantes, paramos em frente de sua residência, um condomínio com portaria.
    E no auge dos meus 18 anos ela pergunta. - O que você quer comigo?
    Eu respondo: - Só sexo.
    Um tapa instantâneo surge que me vira o rosto com crueldade.
    Ela emenda: - Sabia que sinceridade machuca?
    Eu respondo: - Não estava sendo sincero, estava sendo cínico. (Pensei comigo: Impudente; obsceno; impudico.)
    Não nos falamos por 2 anos.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

quarta-feira, 9 de maio de 2012

DESPEDIDA DE LARISSA

DESPEDIDA DE LARISSA

Kevin,
    Obrigada por não ligar neste dia 1º de janeiro, motivo que facilitou a minha tomada de decisão.
    Não que esse seja "O MOTIVO", mas não é a 1ª vez que isso acontece, e espero que seja a última.
    Não sei se é egoísmo seu, medo, ou seja lá o que for. Cansei. Cuidar de alguém, por caridade, não é mais para mim.
    Me dói muito escrever tudo isso, mas não aguento mais.
    Em resumo, estou cansada. Cansada de esperar, de nunca ter uma resposta, de ser sempre deixado de lado, para depois.
      Eu sei que as coisas são difíceis para você, mas para mim, elas também nunca foram fáceis. Sei que errei, que me precipitei algumas vezes, mas acho que fiz o meu melhor para você na maioria das vezes.
        Mas acredito que o melhor é nos afastarmos. Não é possível te amar medianamente. Não para mim. Não consigo ser só sua amiga, e na verdade, nem quero.
    Você é uma pessoa fantástica, mas seu descaso comigo, me mata. Não gosto de falar com você uma vez a cada 2 meses. Parece que quanto eu mais me aproximo, mais você quer se afastar. Até consigo entender, pois eu também faço isso as vezes.
        Você diz que morre de ciúmes de mim, mas nunca disse que me amava, não do modo que eu te amo. Você às vezes fala em saudade, mas acho que você não me dá atenção.
    Nesse tempo todo que nos conhecemos, mudei bastante. Acho que estou séria e prática demais. E tenho que abandonar ou consolidar algumas coisas para seguir meu caminho.
        Gostaria de namorar com você, construir uma vida contigo. Fazer planos e concretizá-los com você. Não só brincar de fazer planos.
        Você é a pessoa por quem mais sofri, que me fez mudar, para ser quem sou.
        Te amo muito.
        Quem sabe algum dia você mude de idéia, e me mostre que eu estava errada. Mas por hoje, a única coisa que percebo é a falta de atenção. Cansei de entender e não ser entendida.

    quem sabe um dia a gente se vê...
    mas se não for para ficar para sempre contigo...
    acho que nunca seria melhor.

carinhosamente, Larissa

Larissa - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

terça-feira, 8 de maio de 2012

MÁSCARAS

MÁSCARAS
    Não vejo problemas em usar máscaras, o problema que vejo é a falta de caráter.  Vestir um personagem, interpretar o seu papel na vida. Viver é uma arte. Personagem é um substantivo feminino ou masculino que desempenha um papel.
    Separar a vida da arte, tão difícil quanto separar sonhos da realidade. "Sou um homem que sonhou que era uma borboleta? Ou sou uma borboleta sonhando que transformou-se em um homem?" Encontrar o seu papel.
    Seja a vida para alguns: cenário ou platéia ou expectador ou palco. Desculpe-me, mas a vida para mim é história.
    Na minha história: protagonista, co-protagonista, antagonista, oponente, coadjuvante e figurante. Já fui todos e posso contar em diferentes perspectivas.
    Gosto de ser o protagonista de minhas decisões, o co-protagonista de minhas paixões, o antagonista de meus problemas, o oponente dos problemas de meus amigos, desejo ser coadjuvante na vida de meus filhos e no mímino um figurante na história do universo.
    Interpreto muitos papéis diariamente, papéis que aprendi através da minha formação. A educação e a formação de caráter fazem a diferença em qualquer tomada de decisão.
    Utilizar máscaras para mim, é o mesmo que vestir um terno que usar maquiagens. É de certa forma encobrir ou ocultar, ou de modo contrário enfatizar. É como saber aplicar a luz de palco, é para onde direcionar o holofote.
    Acredito em camadas em que as pessoas reagem de modo diferente em cada nível. Nível de relacionamentos, de comunicação interpessoal.
    Não sou hipócrita de dizer que trato todos iguais. É óbvio que não choro quando qualquer um morre. (Dizem que morrem 3 pessoas no mundo a cada segundo, se eu chorasse por todos, seria comédia ou tragédia?) É claro que me importo com os outro. É evidente que temos sentimentos diferenciados por graus e tipos.
    O caráter é a firmeza, a propriedade da pessoa. O que distingue a índole e gênio. É o que dá dignidade para alguém.
`    Usar máscaras não é necessariamente mentir, é mostrar uma face de modo que se torne mais apresentável. Porém, quando se mostra a mentira, se mostra seu pior lado.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

segunda-feira, 7 de maio de 2012

LIVROS

LIVROS
    Era uma vez, um cara que todos os dias na hora do almoço, entrava na  biblioteca para estudar. Esse cara tinha um gosto estranho, freqüentava diariamente a seção de filosofia e sociologia, e lia livros de psicologia e simbolismo principalmente, Joseph Campbell sempre estava em sua mesa.
    Tinha o hábito de freqüentar a sala de quadrinhos semanalmente e adorava jogar xadrez com os idosos.
    Para algumas garotas, ele podia se tratar de um livro mal escrito, por ser estranho, complexo e difícil de entender.
Ele era um rapaz simpático, porém sempre concentrado. Entre ósculos e amplexos revelava que não podia ser tão estranho assim. Quando questionado sempre respondia com educação. Alguns julgavam pela capa, mas numa conversa casual se demonstrava interessante.
    Um dia ele se conheceu uma garota que estava agitada e descia as escadas correndo quando nele ela esbarrou. Os livros carregados por eles se espalharam, e com ele ela gritou: - Olhe para onde anda!
    E ele respondeu: - Eu olho, mas não corra pelas escadas.
    Na verdade, ele a censurou.
    A garota tímida, aceita os livros por ele juntados e sentam-se juntos na mesma mesa para ler.
    Ficam de frente um para outro, e os olhares se encontram por cima das margens superiores de suas páginas e resolvem as mesmas não virar.
    Congelados, sem jeito, enquanto duas histórias simplesmente congelam, uma nova história começa a se desenrolar.
    A trama se passa entre a garota que estudava teatro e interpretação e o rapaz que se interessava por publicidade e psicologia. E se encontravam todo dia, e depois de uma semana viram que já não conseguiam estudar.
    Ele passou a ser um livro aberto, contava sonhos, discutia hipóteses e entre fantasias e devaneios estava sempre reservado um lugar para ela.
    Ela passou a sobrecapa, capa, a guarda, a ante-rosto, em cada estágio, deixou marcas e abriu sem cuidado, prestou pouca atenção até o espelho.
    O colofão tinha informações detalhadas, mas sem interesses ela olhou. Gostou do sumário, e no índice foi direto ao final ela buscou.
    Ela era mais individualista e sem mais, um dia pegou a estrada num espetáculo e apenas um ósculo direto ao rosto ela deixou.
    E os dias passaram, páginas amarelas, cantos marcados, orelhas passadas.
    No conto, a princesa virou bruxa, o garoto foi à luta e sonho mudou e pelas estradas eles cavalgam até que um dia ela o encontrou.
    A procura foi suave, não uma jornada, nada de missão. O acaso tratou de colocar ambos numa mesma ocasião.
    O enredo foi num bar, numa noite clara de lua cheia. O reconhecimento imediato e a conversa divertida.
    Porém, cada história tomou um rumo e quando emparelhados uma das lombadas estava invertida.
    Sem padrão inglês ou francês as línguas agora se descobriam. E novamente ao badalar do relógio novamente ela fugia.
    Um forte amplexo e sem frescura um beijo ela arrancou novamente do rapaz. E de enfrentar a realidade novamente ela foi incapaz.
    Na saída da cidade com dó ela olhou para trás e agora com certa esperança, o desejo de criança, uma imagem de pessoa fullgás.
    E o ardil se perdera muito cedo, antes mesmo de chegar na cama. Até nunca mais.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

sexta-feira, 4 de maio de 2012

MAY THE 4TH BE WITH YOU!

MAY THE 4TH BE WITH YOU!
    Desde o surgimento dos meios de comunicação a vida vem sendo manipulada para que se compre a felicidade. Vendidas em massa, enlatados com marcas, nomes - os conhecidos produtos nos são oferecidos e empurrados mesmo sem nossa procura.
    Quem não deseja uma internet mais fácil, uma tecnologia para a vida, a vida na sua mão, as melhores coisas da vida?
    Slogans, as expressões de fácil memorização, repetitivas com alguma idéia ou propósito. Geralmente com propósito comercial, algumas com carácter social. Estão presente, explodindo em narrações e brilhando aos olhos desatentos. Turbilhão de pensamentos direcionados, muitas vezes não consciente.
    Um dos meus favoritos? “Que a força esteja com você.” Frase da famosa saga Star Wars, é um lema da cultura pop com algum sentido espiritual.
    O dia  4 de maio é considerado o Star Wars Day, devido ao trocadilho, ou paronomásia da  frase “May the Force be with you” com "May the fourth be with you". Cuja a tradução da segunda, seria: “Que o 4 de maio esteja com você.”
    Para a maioria das pessoas uma data normal. Para mim, uma comemoração de um dia nerds. Star Wars se tornou uma forte referência na cultura pop.
    Desenhos como: The Simpsons, Futurama, Grim & Evil, The Fairly OddParents, Muppet Babies;prestam homenagens à saga. Em especial Family Guy que dedica alguns filmes inteiros à Star Wars.
    Filmes como: Austin Powers, As Viagens de Gulliver, Os Homens que Encaravam Cabras, Uma Noite no Museu 2, e ainda Fanboys que é todo dedicado ao Clássico dos cinemas.
    Os seriados de tv também prestam suas homenagens: The Big Bang Theory, Two and a Half Men, Supernatural, How I Met Your Mother – que além de usar várias menções, dedica o episódio Trilogy Time para mostrar a devoção de alguns personagens ao histórico filme.
    Voltando ainda mais no tempo, aos catorze anos conheci Vitória, uma garota descolada, um pouco cult, gostava de blues e jazz. Era loira, olhos claros, tinha como sonho ser enfermeira. Era bastante patricinha, já tinha seus 15 anos e era muito inteligente. (Naquela época, ser inteligente era se ter boas notas no colégio, ela tinha, nada excepcional, mas chega bem perto das minhas),
    Ela gostava muito de mim, mas na minha recém adolescência, mesmo sendo um cara tímido, tinha alguns desejos de mulher ideal. Era mais sonhador e acreditava que tudo sempre tinha que ter um final feliz. Mal sabia eu, que para alcançar esse final dependia de muita luta.
    Adorávamos assistir De Volta Para o Futuro, O Poderoso Chefão  e Indiana Jones.  A trilogia favorita dela era Indiana Jones, a minha era De Volta Para o Futuro.
    Até que na hora do intervalo entre as aulas, estávamos sentados na lanchonete e comentaram sobre o lançamento do episódio I de Star War. Ela perguntou, ingenuamente: - Star o quê?
    O ano era 1996, as pessoas não eram tão ligadas em Star Wars, talvez Star Trek fosse mais conhecido (fique claro que sempre fui mais Trekker, mas gosto de Star Wars – não tenho a rivalidade demonstrada em Fanboys). A mídia naquela época não era voltada ao geeks. (Não era chic ser geek - era weird ser nerds).
    A Mtv naquela época era um canal de música (brincadeiras a parte) que mal tinha seus 6 anos, séries de sucesso eram: Confissões de Adolescente, Beverly Hills, 90210 (Barrados no Baile), Melrose Place, Party of Five (O Quinteto) – a maioria dublada e passavam na rede globo ou tv cultura. Para ter uma idéia Malhação estava no seu segundo ano de novela e a tv acabo era para uma elite muito seleta.
    Voltando a história de Vitória. Expliquei calmamente o que eu sabia sobre a Star Wars, a até então trilogia do cinema que despertava o interesse dos fãs de ficção científica.
    Ela solta um olhar de desprezo e fala: - Ah, tá. Parece bem chato.
    Eu argumento falando que prefiro Star Trek e etc... Mostro as diferenças das séries e tal.
    Ela: - Vocês e esses papos de estrelinhas, são muito estranhos MESMO!
    Eu indignado falo que é só uma opinião sobre ficção científica e tal. Assim, como De Volta Para o Futuro.
    Ela: - Ok, para mim chega. Podem brincar com suas miniaturas, e fantasiar o quanto quiserem. Sei lá o que eu faço andando com vocês.
    Eu: - Ãhm?
    Vitória: - É, isso mesmo, eu to te deixando brincar com seus brinquedos. SO-ZI-NHO!
    Eu: - Ok, eu ainda vou brincar com alguém que goste dos meus brinquedos.
    Pois, é ... Resumo da história - perdi a Vitória. Por enquanto, dessa história, tem mais.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

quinta-feira, 3 de maio de 2012

HOMENS SÃO GRAMPEADORES E MULHERES SÃO VIOLINOS

HOMENS SÃO GRAMPEADORES E MULHERES SÃO VIOLINOS
    Estávamos discutindo sobre o “Big Five” que na psicologia são cinco fatores da personalidade, baseado em uma análise lingüística e tentam descrever minimamente as dimensões da personalidade, dividindo-a em: Instabilidade Emocional (raiva, ansiedade, depressão – estresse), Extroversão (confiantes, estimuladores, espontâneos – contatos), Amabilidade (gentil, empática, cooperante - boa relação), Conscienciosidade (atenciosa, perseverante, auto-disciplina – responsável) e a Abertura para o Novo (arte, emoção, aventura, idéias fora do comum, imaginação, curiosidade - sentir).  Onde se pode enfatizar essas características ou ver a falta delas.   
    Até que chega outro amigo (Henrique) e acha que estamos discutindo sobre relacionamentos e tentando classificar as pessoas. (De certa forma ele estava certo).
    Já alcoolizado, ele grita: - HOMENS SÃO GRAMPEADORES E MULHERES SÃO VIOLINOS!
    Essa frase mudou o rumo de nossa discussão aparentemente séria. Ele, enfatizando seu lado engenheiro, solta:
    - Simples: Grampeadores são ferramentas objetivas, pesados, geralmente deselegantes, simples e barulhentos. Precisam ser recarregados de seus grampos que espalham por aí, violentando papéis, madeira, tecidos. Unem pela força.
    E Henrique continua:
    - Logicamente as mulheres são os Violinos: pela forma, tons agudos, bonitos, refinados, complexos e precisam de maiores cuidados. Podem tocar agradáveis músicas ou irritar qualquer ser humano são.
    Ok, esses simples argumentos nos convenceram. Tem horas que a psicologia mais complica que resolve.
    Definitivamente homens são grampeadores e mulheres são violinos.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

quarta-feira, 2 de maio de 2012

MONSTROS DA NOITE

MONSTROS DA NOITE
    A noite são loucas, longas ou curtas dependem do divertimento e do grau alcoólico. Costumo contar o tempo em doses, copos ou garrafas; algumas vezes ainda me divirto contando músicas.
    Tenho algumas amnésias alcoólicas. Esqueço nomes, assuntos e detalhes que reparo. Algumas vezes minhas noites são rotinas e acabo perdendo a diversão ou sendo o centro dela.
    O maior problema acontece com as garotas fantasmas. As garotas fantasmas são aquelas que conheço durante a noite, quando a iluminação está fraca e a conversas ao pé do ouvido. A lembrança delas é vaga, algumas me assustam por me divertirem de maneira excepcional e no dia seguinte não lembro nem o nome. Algumas chegam a dar calafrios e pediria ajuda ao Dr. Peter Venkman (personagem de Bill Murray) para caçá-las, aposto que ele seriam um excelente wing.
    Juro que não é maldade, simplesmente esqueço. Lembro de detalhes da conversa, algumas vezes a fisionomia.
    Adoro quando as reencontro e elas me cumprimentam primeiro, dizem que eu tenho um rosto fácil e único, mas eu tento agir naturalmente, mesmo sem lembrar. Deve existir alguma técnica para facilitar, talvez pesquise sobre políticos e artistas para ver se eles possuem algum segredo.
    Algumas vezes participo de jogos alcoólicos. O meu favorito é "Jogo de Assoprar Cartas" ou “Fadinha”. Ele consiste em assoprar um maço de cartas que fica em cima de um copo, sendo que se deve derrubar no mínimo uma carta.     O problema é que não se pode derrubar a última carta do maço, sendo que se você derrubar essa carta deve-se virar uma dose de bebida alcoólica. Se o infeliz conseguir derrubar o copo junto, bebe-se uma dose dupla. Mas se você acha que esse jogo prejudica o jogador que só tem a opção de assoprar a última carta, está enganado. Caso o jogador consiga fazer a última carta "dar um mortal", ou seja, assoprar de uma maneira que a carta vire e caia estável em cima do copo. Todos os "outros" jogadores devem beber uma dose e contemplar o ato heróico.
    A noite é cheia de vampiros sociais também, aqueles que sempre aparecem e tentar sugar contatos, abordar com assuntos desagradáveis e parecer popular, também chamados de pagadores de coca-cola que tentam de maneira desesperada arranjar uma turma. Eles pode ser dos que cobram comportamentos, criticam negativamente, grudam nas pessoas, reclamadores, bajuladores, lamentadores, negativistas e encrenqueiros.
    A noite é cheia de mistérios e arquétipos: desde lobas e lobos, fadas, fantasmas, vampiros, dragões, múmias, zumbis e etc.
    Quando sair, arme-se de bons pensamentos e boas intenções, pois nunca sabemos que categorias de monstros podemos encontrar.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

terça-feira, 1 de maio de 2012

O SEGUNDO NÚMERO DE TELEFONE ERRADO

O SEGUNDO NÚMERO DE TELEFONE ERRADO
    A noite começou tranqüila, fui assistir um jazz e um blues num dos bares alternativos que freqüento.
Encontrei alguns bons amigos, muito bons amigos mesmo. Um dos meus consigliere estava lá, mas foi uma noite em que decidir conversar com as pessoas sozinho. Não sei se mania, não sei teimosia. Tenho essa necessidade de interagir sozinho.
Foi uma ótima noite. O som foi temperado com muito: Muddy Waters, Tom Waits, Willie Dixon, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Ray Charles.
A casa não estava muito cheia e vi uma barmaid nova, fui me apresentar, pedi para ela me dar doses separadas para fazer um coquetel para mim. Adoro ver as bebidas na estante e provar coisas novas, fora que é muito mais fácil ganhar doses nas baladas que garrafas de cerveja.
    Achei a garota interessante, Janaína era nova no bar e cursava algo relacionado a artes. Tinha longos cabelos castanhos e olhos escuros. A pele bronzeada, era de baixa estatura, seios pequenos e cintura fina.
    Conversamos sobre música, era uma fanática por rock.
    Janaína pareceu ser uma garota interessante, falei que já tinha trabalhado em bar. Falamos sobre alguns fetiches. Ela me contou que adorava fantasias e trajes. Interpretar para ela é uma forma divertida e necessária num relacionamento.
    Falei que gostava disto também e confessei que sou um pouco podólatra: a forma, a delicadeza dos pés femininos sempre me atraíram.
    Ela saiu do balcão dando a volta me olhando diretamente nos olhos, e perguntou o que eu achava de seus pés, ela estava com um peep toes (sapato que deixa pelo menos um dedo amostra, meu segundo tipo de sapato favorito, sempre adorei o chanel) preto com salto altíssimo.
    Ela praticamente desfilou na minha frente e retirou o calçado esquerdo, inclinando-se lentamente para frente, deixando a mostra os seios com seu decote e empinando a perna esquerda para trás. (Achei a inclinação desnecessária, mas totalmente sexy).
    Ela tinha pés lindos e as pernas bem delineadas, o conjunto era excelente.
    Conversamos um pouco mais e quando fui embora pedi o telefone de Janaína.  Ela sorriu e anotou o nome e os números num guardanapo - cena clássica de bar que eu já havia encenado inúmeras vezes quando era bartender.
    Liguei algum tempo depois, me senti humilhado. O número não existia. Era a segunda vez que me davam o telefone errado.
    Fui conversar com meu consigliere, chamo-o assim, pois ele é um grande conselheiro e amigo fiel. Contei a história humilhante e ele me defendeu, disse que lembrava da garota, mas não a conhecia.
    Depois daquela noite, sempre anoto o número direto no meu celular e confirmo para ver se o telefone vai tocar.
    Bom, alguns meses se passaram e não é que a garota resolve dar em cima de me consigliere.
    Ele sempre educado, daqueles com síndrome de melhor amigo e quando possível um ótimo wingman. Tomou uma atitude louvável, aceitou o flerte e emendou: - Você é a garota que deu o número errado para meu amigo, não é?
    Janaína ruboresceu.
    Ele: - Desculpe garota, você pode ser linda, mas odeio gente mal educada. Podemos ser amigos, mas eu nunca ficaria com uma garota que passa o número errado para os outros, sempre se pode recusar.
    Ela com um sorriso amarelo se desculpou. Disse que tinha me achado atrevido demais. Hoje nós três conversamos educadamente sentados na mesma mesa de bar.
    O mundo dá voltas. Seja educado e saiba perdoar.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

segunda-feira, 30 de abril de 2012

SÍNDROME DO MELHOR AMIGO

SÍNDROME DO MELHOR AMIGO
    Como sempre estava num bar. Encontrei vários amigos de lugares diferentes, tentei conversar um pouco com todos.
Até que um deles soltou: - É, você é o tipo de cara que tem “síndrome do melhor amigo”.
    Toda síndrome é um conjunto de sintomas. Indícios que apontam para algo. Talvez as conversas casuais, talvez um algo mais.
    Fato; gosto de conhecer gente. Gosto de conversar, gosto de escutar e analisar as pessoas.
    Quem sabe como a de Tourette, tenho uma desordem neurológica que se caracteriza por tiques e repetições automáticos, espasmos.
    Tique em abordagens. Observo catalisadores para bons papos, tento ser agradável com opinião. Capto olhares e gestos, sou atento.
    Nas minhas noites faço muitas amizades e algumas duradouras.  Tenho repetições automáticas de assuntos, acabo sendo um contador de histórias.
    Espasmos de palavras que transbordam da boca, conversas rotineiras, casuais, sensuais.
    Sou do tipo que manda mensagens quando meus amigos menos esperam e nos momentos que mais precisam. Não sou o modelo de amigo que se encontra todo dia e nem mesmo aquele que apenas é uma boa companhia no bar. Trato negócios, fecho contratos e me comunico com os outros.
    A vida é cheia de interesses e de oportunidades. Não fecho portas, não forço janelas. Deixo a minha porta aberta a quem quiser entrar.
    Hoje aprendi a reconhecer essas características nas pessoas. Quando vejo em uma pessoa a síndrome de melhor amigo já identifico como podemos nos ajudar. Guardo com carinho esses doentes amigos com energia contagiante e que nos infectam com nostalgias preciosas.
Guardo os conselhos e presto favores ao estilo do Poderoso Chefão. Um dia, e talvez esse dia nunca chegue, eu vou lhe pedir um favor, mas até lá considere como um presente.
Já tive vários presentes e favores pagos. A amizade é realmente uma arma poderosa.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb

sexta-feira, 27 de abril de 2012

QUADRINHOS

QUADRINHOS
    Aprendi muito sobre quadrinhos com uma ex-namorada. Tânia era magra, loira, alemã de olhos castanhos. Ela adorava dançar, quadrinhos, principalmente animes e mangás. Adorava cozinhar e me cozinhar, me deixava horas esperando, me enrolava quando eu tentava estabelecer algum tipo de relacionamento. Sim, eu era o enrolado.
    Era uma época onde eu achava importante delimitar o relacionamento. Ter espaços definidos, enquadrarmos em alguma categoria amorosa, termos espaço separados e em conjunto.
    Ela curtia cosplay e tudo ligado ao Japão, antenada em tecnologia e uma profissional da arquitetura muito competente, mas sua arte, sua paixão, sempre foi a arte da culinária. Tinha dado um bonsai de presente para ela, era um pet, um bichinho de estimação e ele acabou morrendo.
    Sempre quis ter um bonsai. Sou da teoria de plantar uma árvore, escrever um livro. (Posso ignorar a parte do ter filhos? O mundo já tem muitos – prefiro ser adepto da teoria da extinção humana voluntária. Ok, não tão radical, mas adoção é com certeza uma opção).
    Sempre com um título novo, um lançamento para assistirmos no cinema.  Tânia era divertida. Tive que reprisar todos os vídeos de: Evangelion, Great Teacher Onizuka, Love Hina, Lodoss War, Samurai Champloo, Yu Yu Hakusho, Doraemon e Cowboy Bebop.
    Nos mangás tinha uma fascinação por Yu Yu Hakusho, Doraemon, Death Note. Admiradora de Cláudio Seto, assim como eu, porém num nível de idolatria.
    Eu sempre fui muito fã das histórias da Marvel Comics graças ao mestre Stan Lee e dos Personagens de Clerks: Jay e Silent Bob de Kevin Smith.
    Discutíamos sempre sobre as influências norte americana e japonesa nos quadrinho, estudávamos um pouco os textos de Will Eisner e Scott McCloud.
    Fora os beijos agressivos, a pegada forte e os deliciosos pratos (a alemã e a torta alemã), o que mais lembro eram de nossas discussões. Principalmente sobre nosso relacionamento. Acho que insegurança minha, ou implicância dela.
    Sempre desconfiei que Tânia teve um relacionamento amoroso com sua melhor amiga Micheli. E não, não era uma tara de pensar na melhor amiga da namorada. Era uma coisa de olhar, um rastro psicológico. Talvez um pouco como a série Estranhos no Paraíso (um caso como Francine e Katchoo).
    Até que eu resolvi perguntar.
    Tânia riu sarcasticamente, negando com a cabeça. Na verdade não sei se foi sarcasticamente, pois não entendi se ela tinha um relacionamento amoroso e até hoje não sei o que eu quis perguntar, quando disse relacionamento amoroso. (Claro que algum tipo de relacionamento amoroso elas tinham – eram melhores amigas).
    Perguntei então: - Vocês já fizeram sexo?
    Ela respondeu:  - Não é da sua conta! (de modo misterioso e sério).
    Não consegui minha resposta. Coloquei-a na parede para definirmos nosso relacionamento.
    Ela respondeu: - Sem espaços definidos, nem delimitados. Não temos mais um relacionamento. Temos leituras diferente numa mesma mídia. A vida nos transformou, nosso momento passou. Agora sobra o espaço decadente da sarjeta. Acho melhor terminar.
    Eu retruquei. – Você sabe o que é a sarjeta nas histórias em  quadrinhos? A sarjeta é o espaço entre os quadros, onde a mágica acontece. Onde transformamos os quadros estáticos em movimentos. É onde a ficção se torna realidade, com a vontade e imaginação do artista e do leitor.
    É a parte que respeita os espaços e dá tempo para pensarmos. É onde a individualidade se torna conjunto.
    Nos beijamos.
    Terminamos semanas depois. Ela não respeitava mais meu quadro.
Ela quis voltar, mas pensava demais na sarjeta. Precisamos de no mínimo dois bons quadrinhos para a sarjeta funcionar. O espaço vazio não é insignificante, mas não funciona se a imaginação é de um só espaço delimitado. Seria cada um no seu quadrado? Seria a sarjeta o equilíbrio? Ainda não tinha descoberto, mas já pensava a respeito.

Kevin Rodhes - personagem do livro Terapia escrito por djpandacwb